RESUMO Uma abordagem promissora para indicar falhas em buchas de alta tensão em tempo real é a "Physics-informed machine learning" (PIML). Esta abordagem combina a capacidade de aprendizado de máquina com conhecimentos prévios…
Resumo
Essenciais para as redes de transmissão e distribuição e, em geral, os mais importantes ativos de uma subestação, os transformadores de potência podem ter eventuais falhas diagnosticadas ou prognosticadas através de sistemas de monitoração on-line baseados em arquitetura descentralizada. A novidade, estendida aos modelos de pequeno e médio porte, tem sido considerada uma importante ferramenta para se conhecer o estado do equipamento, permitindo uma mudança na filosofia de manutenção: a aceleração da manutenção preventiva para a preditiva.
Autores
CPFL Energia S.A. | Vagner Vasconcellos |
Treetech Sistemas Digitais Ltda. | Marcos E. G. Alves |
Tipicamente, esses sistemas consideram a me-dição de variáveis por sensores e/ou condiciona-dores de sinais, conectados a duas arquiteturas: ou a baseada em um elemento centralizador no corpo do transformador, geralmente um CLP – Controlador Lógico Programável; ou a descen-tralizada, baseada em IEDs (Intelligent Electronic Devices – Dispositivos Eletrônicos Inteligentes) no corpo do transformador. Veja as diferenças entre as duas arquiteturas:
Nos sistemas com arquitetura descentra-lizada, pode ser empregada a comunicação serial no padrão RS-485, além das fibras ópticas, e também links de rádio dedicados e redes sem fio Wi-Fi, dependendo da ins-talação.
Se o computador que efetua o armazena-mento e tratamento dos dados estiver na pró-pria sala de controle da subestação, a conexão com os transformadores é direta. Se estiver re-moto, a transmissão pode ser efetuada também pela rede intranet da empresa, internet ou ainda por modem celular GPRS.
Os dados fornecidos pelos IEDs, incluindo as medições brutas e as informações resultan-tes de tratamento dos dados, são recebidos por um computador que executa o software de mo-nitoração. Um sistema de monitoração deve ser capaz de digitalizar e transformar os dados em informações úteis para a manutenção – diag-nóstico e prognóstico do estado do equipamen-to – e possuir um “Módulo de Engenharia” com os algoritmos e modelos matemáticos.
Comparação entre arquiteturas Centralizada e descentralizada
Arquitetura centralizada | Arquitetura Descentralizada |
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Sistema centralizado – o CLP concentra as informações de todos os sensores e as envia. | Sistema descentralizado - os sensores são IEDs que enviam as informações diretamente. |
Expansões e manutenções mais difíceis. | Naturalmente modular, facilitando expansões e manutenção. |
Os sensores têm que ser dedicados para conexão ao CLP, causando eventuais duplicações de sensores e custos adicionais em sistemas de monitoração. | IEDs já existentes nos sistemas de controle e proteção podem ser integrados aos sistemas de monitoração e aquisição de dados, evitando custos de sensores adicionais. |
O CLP representa custos adicionais de instalação, programação e manutenção. | Não existe o elemento centralizador – eliminação de custos adicionais. |
Falha no CLP pode acarretar a perda de todas as funções do sistema. | Falha em um IED acarreta perda apenas de parte das funções – as demais permanecem em serviço. |
O elemento centralizador (CLP) é um ponto de falha adicional para o sistema. | Não existe o elemento centralizador, eliminando-se assim um possível ponto de falha. |
Temperatura de operação máxima do CLP é 55ºC. Prejudicial a instalação junto ao transformador. | Temperatura de operação -40 a +85ºC, adequada para instalação no pátio junto aos transformadores. |
Instalação recomendada na sala de controle – grande quantidade de cabos de ligação com o pátio. | Instalação típica junto ao transformador – apenas comunicação serial (par trançado ou fibra óptica) para ligação com a sala de controle. |
Nível de isolação típico 500 V – não adequado para o ambiente de subestações de alta tensão. | Nível de isolação típico 2,5 kV – projetado para o ambiente de subestações de alta tensão. |
Portas de comunicação serial não suportam surtos, impulsos e induções existentes na subestação, obrigando o uso de fibra óptica para ligação com a sala de controle – alto custo de instalação. | Portas de comunicação serial projetadas para o ambiente de subestação, permitindo o uso de par trançado para ligação com a sala de controle – baixo custo de instalação. Permite opcionalmente o uso de fibra óptica. |
Geralmente operam com protocolos de comunicação industriais. | Protocolos de comunicação específicos para utilização em sistemas de potência (timestamp, sincronismo de relógio, etc.). |
A tabela abaixo resume os principais módulos de diagnóstico que podem ser especificados para um sistema de monitoração, bem como as variá-veis medidas necessárias para sua operação:
A adoção de sistemas de monitoração on–line nos transformadores de potência deve considerar a especificação do sistema, as variáveis a serem medidas, a arquitetura para a medição e os módu-los de diagnósticos desejados. Com a arquitetura descentralizada baseada em dispositivos inteligen-tes (IEDs), é possível a aplicação de módulos de diagnóstico específicos, podendo-se aproveitar os IEDs já existentes no transformador com custo zero para o sistema de monitoração. A arquitetura ainda permite a implantação e expansão gradual do sistema de monitoração, respeitando -se a dis-ponibilidade de recursos da empresa e a instala-ção de um maior número de transformadores.
Dessa forma, os sistemas de monitoração on-line podem ser aplicados a transformadores de pequeno e médio porte, deixando no passado a exclusividade para os modelos de grande porte.
Principais módulos de diagnóstico especificados para um sistema de monitoração
Módulo de Diagnóstico | Variáveis Necessárias |
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Perda de vida útil da isolação | - Temperaturas dos enrolamentos (hot-spot) - Teor de água no papel (obtido de módulo de diagnóstico) |
- Previsão de temperaturas futuras - Eficiência dos sistemas de resfriamento Assistente de manutenção do resfriamento | - Temperatura ambiente - Temperatura do topo do óleo - Percentuais de carregamento - Estágio de resfriamento em operação Estágio de resfriamento em operação |
- Água no óleo e no papel - Temperatura de formação de bolhas - Temperatura de formação de água livre | - Saturação relativa percentual de água no óleo - Teor de água no óleo em ppm - Temperatura do óleo no ponto de medição - Temperaturas dos enrolamentos - Temperatura ambiente |
Gás no óleo do transformador | - Concentração de hidrogênio dissolvido no óleo - Concentração de gases combustíveis no óleo (off-line ou on-line) |
Diferencial de temperatura do comutador sob carga | - Temperatura do topo do óleo - Temperatura do óleo do comutador - Posição de tap |
Tempo de operação do comutador sob carga | - Posição de tap - Comutador em operação / em repouso |
Torque do motor do comutador sob carga | - Posição de tap - Comutador em operação / em repouso - Corrente do motor do comutador - Tensão do motor do comutador (opcional) |
Assistente de manutenção do comutador | - Posição de tap - Comutador em operação - Corrente de carga |
- Umidade no óleo do comutador | - Saturação relativa percentual de água no óleo - Teor de água no óleo em ppm - Temperatura do óleo no ponto de medição |
Figura 1 – Funcionamento da Arquitetura Descentralizada
BIBLIOGRAFIA
- Lavieri Jr., Arthur; Hering, Ricardo, “Novos Conceitos em Sistemas de Energia de Alta Confiabilidade”, Encarte Especial Siemens Energia, http:// mediaibox. siemens.com.br/upfiles/232.pdf, Janeiro/2001.
- Alves, Marcos, “Sistema de Monitoração On-Line de Transformadores de Potência”, Revista Eletri-cidade Moderna, Maio/2004.
- Amom, Jorge; Alves, Marcos; Vita, André; Kastrup Filho, Oscar; Ribeiro, Adolfo, et. al., “Sistema de Diag-nósticos para o Monitoramento de Subestações de Alta Tensão e o Gerenciamento das Atividades de Manutenção: Integração e Aplicações”, X ERLAC – Encontro Regional Latinoamericano do CIGRÉ, Puerto Iguazu, Argentina, 2003.